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A Batalha das Redes | com David Nemer | 151

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A eleição de 2022 chega a seu final com embates nos meios de comunicação tradicional, nas ruas e, principalmente, nas redes sociais.   Depois de vencer as eleições de 2018 se valendo fartamente da utilização das redes, em especial do WhatsApp, o bolsonarismo enfrenta um jogo mais equilibrado. Seus adversários, embora ainda em certa desvantagem, aprenderam a utilizar as ferramentas digitais das redes para a disputa eleitoral. Na campanha de Lula, a entrada de André Janones produziu um fato novo.   O principal efeito do "janonismo cultural" tem sido produzir ruído e um curto-circuito cognitivo nas hostes bolsonaristas. A equipe de comunicação digital da extrema-direita se vê atarantada com o novo adversário. No seio da campanha bolsonarista, Carlos Bolsonaro perde espaço para políticos tradicionais e marqueteiros, embora siga atuante e próximo ao pai - especialmente nos debates. Como entender esse fenômeno tão complexo e tão relevante para a disputa política cont...

Combate à corrupção: que fim levou? | com Rogério Arantes | 150

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“Queria dizer a essa imprensa maravilhosa, nossa, que eu não quero  acabar com a Lava Jato… Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais  corrupção no governo”, disse Jair Bolsonaro em outubro de 2020 .   Essa declaração ocorreu depois que Sergio Moro já havia deixado o  Ministério da Justiça, após acusar Bolsonaro de interferir na Polícia  Federal.   O fato é que desde então, de fato a Lava Jato acabou, bem como deixou de  existir uma Procuradoria Geral da República independente, pois Augusto  Aras, o PGR, é um serviçal de Bolsonaro.   O presidente também nomeou para o Supremo Tribunal Federal dois sabujos -  Kássio Nunes Marques e André Mendonça - que decidem sempre de forma a  favorecer o Poder Executivo.   Qual o tamanho do desmonte bolsonaresco das estruturas de combate à  corrupção? De que forma toda a construção institucional pós-1988 e,  principalmente, pós-2003 foi desmontada pelo bolsonarismo?...

As pesquisas erraram? | com Andrei Roman | 149

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  No dia 2 de outubro, no que a apuração das eleições avançava, avançava  também a surpresa. Muitos resultados diferiam bastante do esperado. As pesquisas eleitorais erraram?    Diante do questionamento, veículos de imprensa e responsáveis por  levantamentos de intenção de voto respondiam que não, as pesquisas não  erraram.  A negativa da resposta se baseava em diversos argumentos.  Um era o de que pesquisas mostram apenas um momento da corrida, não  prevendo o resultado final. Assim, não teriam como captar a tempo  mudanças de última hora.  Outro argumento era o da defasagem dos dados do Censo, que atrapalharia a  ponderação dos diversos estratos da população.  Diante da desconfiança do público, uma voz dissonante se fez ouvir:   Andrei Roman , CEO da AtlasIntel , cujas pesquisas mais se aproximaram dos  resultados finais nacionalmente e em diversos estados.  Cientista político e economista com...

A estigmatização do PT e o irracionalismo na eleição | publicado originalmente no Nexo Jornal em 02.10.2018

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  A estigmatização do PT e o irracionalismo na eleição Cláudio Couto     O Partido dos Trabalhadores cometeu muitos erros dos quais ainda não se retratou. Porém, entre esses erros não está o extremismo   Nesta eleição presidencial, em que se desenha de forma praticamente irreversível uma nova bipolaridade – entre a extrema direita encarnada por Jair Bolsonaro e a esquerda representada pelo PT –, há um aspecto do debate político que sobressai. Trata-se da equiparação entre os dois polos, como se eles fossem realmente similares, sintetizada na ideia de que se trata de uma disputa “entre dois extremos”. A ideia dos “dois extremos” vem sendo repetida por diversos atores: adversários das duas candidaturas favoritas, jornalistas, acadêmicos e eleitores comuns. Essa ideia, contudo, faz pouco sentido diante das evidências factuais. Se considerarmos somente os aspectos negativos dos 13 an...

O país que sai das urnas | com Jairo Nicolau | 148

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As eleições de 2 de outubro produziram uma grande vitória eleitoral da direita, inclusive da extrema-direita bolsonarista. Isso ficou patente não só no desempenho acima do esperado de Bolsonaro na eleição presidencial, mas também no aumento da bancada direitista no Congresso e na vitória de governadores bolsonaristas em estados importantes. O bolsonarismo consolidou a direita como nunca antes desde o final da ditadura militar. Deu-lhe não só coesão, mas também maior assertividade ideológica. O Centrão, em vez de moderar Bolsonaro, radicalizou-se com ele.   O que explica esse fenômeno? Que país é esse que sai das urnas em 2022? Para compreender o que ocorreu e o que podemos esperar, este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebe o cientista político Jairo Nicolau , professor do FGV CPDOC e um dos principais pesquisadores brasileiros de partidos e eleições. Jairo Nicolau publicou algo recentemente o livro "O Brasil dobrou à direita: uma radiografia da eleição de Bolsonaro em 20...