Polarização, status, ressentimento | com David Samuels & Fernando Barros de Mello | 218
Num processo deflagrado nas eleições presidenciais de 1989, o Partido dos Trabalhadores se converteu no principal balizador das disputas eleitorais nacionais brasileiras. Parcelas significativas do eleitorado passaram a se definir como petistas ou antipetistas ao longo dos anos. Isso se aprofundou durante os dois governos do PSDB, quando Fernando Henrique Cardoso governou o país sofrendo forte oposição do PT, e mais ainda a partir de 2003, quando Lula tomou posse na presidência e passou a implementar políticas públicas que alteraram significativamente as hierarquias sociais no Brasil. A partir desse momento, políticas redistributivas e de ação afirmativa permitiram aos eleitores identificar no petismo algo a ser apreciado ou rechaçado. Com a emergência da extrema-direita bolsonarista essa polarização atingiu seu ápice, sobretudo por dar vazão ao ressentimento de camadas sociais que perceberam uma perda de seu status social com as mudanças produzidas na era petista. Bolsonaro foi o desa